Rascunho de Carta
Esse vento ... a mão da amada malvada.
Gravetos enforcando o ar que respiro.
Nossos olhos sedentos, de vampiro,
batem pálpebras pela madrugada.
Não sei de que dores foi desenhada
a palavra amor, manchando papiro.
Esta mancha rubra - a que me refiro -
fere em vermelho velho toda a estrada.
Soluçando, o sol não esculpe sombras.
O que foi paisagem branca de pombos
são missivas de cinzas, sobras, sonhos.
Componho outro epílogo, outro poema,
monólogos de uma boca fria, extrema,
a reunir trevas e luz: versos estranhos.
Edmar Guimarães
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